segunda-feira, 16 de maio de 2022

Diante das quedas na B3, quem não quer saber o que fazer?

Quando a bolsa cai, tudo o que levou à queda é irrelevante do ponto de vista prático, pois está no passado e não temos controle sobre ele.

Por outro lado, entender as correlações possíveis entre o movimento de venda quase generalizado e os acontecimentos macroeconômicos pode servir para buscar sinais de orientação para o futuro.

Sempre que alguém me pergunta o que levou a B3 a cair, respondo que foi o desejo generalizado de vender que predominou sobre o de comprar. Apesar de ser em tom de brincadeira, em última instância, é a verdade inquestionável.

Agora vamos aos acontecimentos que podem ter influenciado esse desejo de sair das posições compradas, passando para as posições vendidas.

Juros – aumento da taxa de juros, em geral, faz com que o valuation das companhias seja diminuído, pois o fluxo de caixa futuro é precificado por uma fórmula que tem em seu denominador uma taxa de juros. Consequentemente, aumentar a taxa de juros diminui o valor desse fluxo de caixa, fazendo com que, até os fundamentalistas, reavaliem se suas posições compradas ainda valem a pena, quando comparadas a outros investimentos. Agora, se o aumento da taxa de juros básica ocorre em na economia considerada a mais segura do mundo, é fácil entender por que o capital estrangeiro voa daqui. Os retornos esperados na B3 podem não ser suficientes para competir com uma alta da taxa de juros nos EUA e, assim, o chamado hot-money vai embora mesmo. Novamente, muita gente querendo vender, pouca gente com vontade de comprar, preços desabam.

Por exemplo: por que eu correria os riscos na B3 por um ganho de 10% se no investimento mais seguro do país eu posso ganhar 12,75%? Não faz sentido, do ponto de vista econômico, eu continuar com um papel que me ofereça menos que um Tesouro Selic, concorda?

Se muitas pessoas chegam a essa mesma conclusão, haverá muitos vendedores, o que pressionará os preços para baixo. Quanto mais o preço desse, mais gatilhos de stop são disparados, aumentando o número de vendedores em competição pelo melhor preço, o que fará os preços diminuírem ainda mais. Claro que isso não continua indefinidamente, pois, chegará um momento em que o preço chegará a ser uma oportunidade diante daquele mesmo fluxo de caixa que estava depreciado, daí entram novos compradores e o preço para de cair, ou mesmo começa a subir.

Outros fatos também têm um impacto negativo sobre a B3, pela razão mais óbvia possível: ninguém quer perder dinheiro. Então, o que acontece se a guerra da Ucrânia contra a Rússia se prolonga, aumentam os embargos econômicos que acabam prejudicando o mundo todo? Ou se a China anuncia um novo e rigoroso lock-down em uma de suas mais importantes cidades, deixando o mundo inteiro atento, novamente, com toda a razão, com medo de começar tudo de novo, como no início de 2020? As pessoas venderão seus ativos de maior risco e procurarão ativos mais estáveis.

Além disso, temos um ano de eleição presidencial. As incertezas são enormes, pois estamos diante de dois cenários quase que totalmente antagônicos em termos de condução da economia. E a chamada terceira via é ainda mais diferente dos dois principais candidatos.

Por fim, acredito que todo mundo gostaria de ouvir “o que deveria fazer”. O que tenho a dizer sobre isso é que, se eu soubesse, eu já teria feito ☺

Um forte abraço e até brevíssimo!


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